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Diabetes: Riscos e Consequências para a Saúde

  • Foto do escritor: Pedro Henrique Almeida
    Pedro Henrique Almeida
  • 3 de abr.
  • 4 min de leitura

O diabetes é uma condição crônica que afeta cada vez mais a população mundial. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de adultos com diabetes quadruplicou desde 1990, superando 800 milhões de pessoas. Isso é preocupante, pois, embora o diabetes tipo 1 e tipo 2 tenham características diferentes, ambas as condições podem ter consequências graves para a saúde, especialmente para o sistema cardiovascular, nervoso e musculoesquelético. Como fisioterapeuta, que atua principalmente com traumato-ortopedia, esportes e atendimentos clínicos gerais a domicílio, é fundamental compreender as complicações do diabetes, para oferecer um cuidado mais completo e eficiente aos pacientes.


O Diabetes e Seus Efeitos no Corpo

O diabetes, seja do tipo 1 ou tipo 2, é caracterizado por níveis elevados de glicose no sangue, conhecido como hiperglicemia. No diabetes tipo 1, o pâncreas perde a capacidade de produzir insulina, enquanto no diabetes tipo 2, ocorre uma resistência à ação da insulina, dificultando a entrada da glicose nas células. A longo prazo, esses níveis elevados de glicose podem causar sérios danos aos vasos sanguíneos, nervos e órgãos vitais, comprometendo a saúde geral do paciente.

Uma das consequências mais preocupantes da diabetes é o aumento da viscosidade do sangue, que se torna mais espesso devido à alta concentração de glicose. Isso dificulta a circulação e pode gerar um processo inflamatório nos vasos sanguíneos, acelerando o desenvolvimento de doenças como aterosclerose (endurecimento das artérias) e aneurismas. Esses problemas aumentam o risco de complicações como acidente vascular cerebral (AVC), infartos e outras condições cardíacas.

Além disso, uma complicação comum em pacientes diabéticos, especialmente no diabetes tipo 2, é a neuropatia diabética, uma condição que afeta os nervos periféricos e pode levar a sérios problemas de mobilidade e funcionalidade.


Neuropatia Diabética: Alterações na Sensibilidade e Marcha

A neuropatia diabética é uma das complicações mais frequentes e debilitantes do diabetes. Ela ocorre devido ao dano aos nervos causado pela exposição prolongada à hiperglicemia. Quando os nervos periféricos, principalmente nos pés e nas pernas, são afetados, podem surgir sintomas como perda de sensibilidade, formigamento, dor ou queimação nas extremidades. Além disso, a neuropatia pode resultar em alterações na marcha, já que o paciente perde a sensação de estabilidade e o controle motor adequado, o que aumenta o risco de quedas e lesões.

Essa perda de sensibilidade também prejudica a capacidade de perceber lesões nos pés, o que pode levar a complicações como úlceras, infecções e, em casos graves, amputações. A alteração na marcha é frequentemente observada nesses pacientes, que podem apresentar um padrão de caminhada alterado, com maior risco de lesões musculoesqueléticas devido ao desequilíbrio postural.


Como a Fisioterapia Pode Contribuir?

Como fisioterapeuta, posso contribuir significativamente para o manejo da neuropatia diabética, ajudando a melhorar a mobilidade, a marcha e a qualidade de vida do paciente. A fisioterapia tem um papel fundamental na prevenção e no tratamento dessa complicação, utilizando diversas abordagens, como exercícios terapêuticos, técnicas de reabilitação e manobras específicas, como o Facilitador Neuromuscular Proprioceptivo (FNP), que é eficaz para o restabelecimento do equilíbrio e a promoção da força muscular.


1. Exercícios e Treinamento de Força

O fortalecimento muscular, especialmente nos músculos das pernas, quadris e tornozelos, pode melhorar a estabilidade e o equilíbrio do paciente, compensando a perda de sensibilidade e a falta de controle motor causadas pela neuropatia. Exercícios de fortalecimento, juntamente com exercícios de alongamento, podem melhorar a flexibilidade, prevenir contraturas e reduzir a rigidez articular, muito comum em pacientes com diabetes.


2. Treinamento de Marcha

A fisioterapia é essencial para o treinamento de marcha em pacientes diabéticos. Técnicas de reabilitação da marcha, incluindo a utilização de andadores, bengalas ou órteses, podem ser necessárias para melhorar a segurança e a eficiência do movimento. O fisioterapeuta pode ensinar o paciente a caminhar corretamente, utilizando dispositivos auxiliares e técnicas de compensação, a fim de evitar quedas e lesões.


3. Facilitador Neuromuscular Proprioceptivo (FNP)

O FNP é uma técnica terapêutica poderosa que visa facilitar o movimento e melhorar a propriocepção, ou seja, a percepção do corpo no espaço. Essa abordagem é especialmente útil para pacientes com neuropatia diabética, já que ela ajuda a melhorar a coordenação motora e a estabilização das articulações, proporcionando maior controle sobre a marcha e os movimentos. A FNP pode ser usada para restaurar a função muscular, diminuir a dor e melhorar a mobilidade.


4. Estimulação Sensorial

Em casos de perda de sensibilidade nas extremidades, a fisioterapia pode empregar técnicas de estimulação sensorial, como massagens, mobilizações passivas e uso de materiais de diferentes texturas e temperaturas, para tentar restabelecer parcialmente a sensação e melhorar a percepção dos movimentos. Esses estímulos ajudam a aumentar a conscientização corporal e a reduzir o risco de lesões nos pés, algo essencial para prevenir úlceras diabéticas.


5. Orientações Posturais e Técnicas de Relaxamento

A correção da postura também desempenha um papel importante, especialmente em pacientes com diabetes e neuropatia, que podem sofrer com sobrecarga postural devido a alterações no padrão de marcha. Técnicas de relaxamento e alongamentos também são recomendados para aliviar a dor crônica e promover o bem-estar geral.


6. Prevenção de Lesões e Cuidados com os Pés

Além do trabalho diretamente relacionado à marcha e à força muscular, é fundamental que o fisioterapeuta oriente o paciente sobre os cuidados com os pés. Isso inclui a inspeção diária dos pés, o uso de calçados adequados, a hidratação da pele e a correção de deformidades, como calos e unhas encravadas, que podem evoluir para complicações graves.


Conclusão

O diabetes é uma doença crônica que, se não tratada adequadamente, pode levar a sérias complicações, incluindo neuropatia diabética, alterações na marcha, perda de sensibilidade e um aumento significativo do risco de lesões. Como fisioterapeuta, posso ajudar a minimizar esses riscos e melhorar a qualidade de vida do paciente, utilizando técnicas de reabilitação adequadas, como exercícios terapêuticos, treinamento de marcha, FNP e cuidados preventivos.

Ao trabalhar de forma colaborativa com outros profissionais de saúde, o fisioterapeuta desempenha um papel crucial no manejo da neuropatia diabética e na prevenção das complicações musculoesqueléticas, contribuindo para a manutenção da mobilidade, da função e do bem-estar geral dos pacientes com diabetes. A abordagem fisioterapêutica personalizada, associada a um estilo de vida saudável, pode ser a chave para o controle eficaz da doença e para a redução dos impactos negativos no cotidiano dos pacientes.



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